Está aí mais um Jazz im Goethe Garten
O Jazz im Goethe Garten voltará no mês de Julho a animar o jardim do Goethe Institut, em Lisboa, com oito concertos agendados entre 1 e 16 de Julho. A abertura faz-se, como habitualmente, com músicos portugueses, ainda que o grupo em causa esteja radicado em Roterdão e dele faça parte um alemão: trata-se dos Albatre do contrabaixista, baixista e compositor Gonçalo Almeida com Hugo Costa no saxofone alto e Philipp Ernstring na bateria. A música é um misto de free jazz, punk e metal, com uma mobilidade de extremos que vai do “riff” impactante ao pequeno detalhe.
Segue-se, a 2 de Julho e em representação da França, o trio Jean Louis, formado por Aymeric Avice (trompete, fliscórnio), Joachim Florent (contrabaixo) e Francesco Pastacaldi (bateria). Trata-se de um jovem grupo com um entendimento irreverente da linguagem jazzística e capaz dos desfechos mais imprevisíveis. A 7, um quarteto de cordas da Áustria que – coisa rara – não se dedica à música clássica, o Radio String Quartet Vienna, formado por Bernie Mallinger e Igmar Jenner nos violinos, Cynthia Lao na viola e Asja Valcic no violoncelo. As composições que traz para este concerto são de Joe Zawinul (Weather Report) e sobre elas dará largas à improvisação.
Vinda da Suíça, apresenta-se no dia 8 de Julho a parceria de Andreas Schaerer (voz, electrónica) e Lucas Niggli (bateria, percussão), contando com o trabalho de Martin Ruch na mesa de mistura e no processamento em tempo real. Ainda que com dimensão electroacústica, o projecto define-se pelo seu carácter orgânico e por uma entrega visceral que de imediato prende o público. A 9, numa prestação em solo absoluto, actua um dos gigantes do piano actual, o espanhol (de Barcelona, foto acima) Agustí Fernández. Ora intenso, caótico mesmo, ora subtil, tudo o que fizer será uma invocação da história das inovações que o teclado branco e negro foi tendo – algumas delas suas.
É do Luxemburgo o grupo que toca a 10. Os No Metal in This Battle de Pierre Bianchi, Marius Remackel (ambos em guitarras e teclados), Laurent Panunzi (baixo eléctrico) e Roberto Gualdi (bateria) tem uma postura teatral logo evidenciada pelo uso de máscaras de animais. Propõe um pós-rock muito marcado pelo jazz, pelo afrobeat nigeriano e por um tipo de repetição rítmica, fortemente hipnótica, que convoca tanto o minimalismo como o psicadelismo.
São italianos os convidados de dia 14 de Julho. Dois baixos eléctricos (Lorenzo Feliciati e Colin Edwin) e uma bateria (Roberto Gualdi) constituem os Twinscapes. Com utilização de dispositivos electrónicos e uma surpreendente exploração dos subgraves, o par de baixos tem uma atitude experimental, sempre suportada numa rítmica percussiva vinda dos lados do metal. O fecho faz-se a 16 com os alemães KUU, designadamente Jelena Kuljic (voz), Kalie Kalima (guitarra) e os nossos bem conhecidos Frank Mobus (o guitarrista dos Azul de Carlos Bica) e Christian Lillinger (bateria, membro do Luís Lopes Lisbon-Berlin Trio). O jazz deste quarteto vive muito das capacidades performativas da cantora-actriz, mas tem por detrás sólidos argumentos instrumentais.