, 11 de Junho de 2015

Morreu Ornette Coleman, mas não…

Morreu hoje, 11 de Junho, um dos últimos gigantes do jazz que ainda tínhamos entre nós: Ornette Coleman. Contava com 85 anos de idade. A sua vida e a sua música estão para sempre ligadas à memória emocional dos portugueses: foi no seu concerto no primeiro Cascais Jazz, em 1971, que o contrabaixista que o acompanhava, Charlie Haden, dedicou o tema “Song For Che” aos movimentos de libertação das ex-colónias, levantando o público numa ovação entusiástica que anunciava já a revolução dos cravos.

Ornette foi sempre um visionário da música. Com “The Shape of Jazz to Come” (1959) levou o hard bop para o que acabaria por ficar conhecido como free jazz, e isto devido ao título de um disco posterior seu (“Free Jazz”, de 1960). Desenvolveu um novo método musical a que deu o nome de harmolodia. Com o grupo Prime Time rodeou-se de duas guitarras e dois baixos eléctricos, algo de inédito mesmo no jazz de fusão. Gravou com os marroquinos Master Musicians of Jajouka o saltitante “Dancing in Your Head”. Tocou violino fazendo tábua-rasa de todos os ditames técnicos clássicos para o instrumento. Convidou para tocar consigo tanto o guitarrista de folk-rock Jerry Garcia, dos Grateful Dead, como o tablista de música clássica indiana Badal Roy e até – ele que não apreciava a rigidez temperada do piano – o pianista Joachim Kuhn. Compôs para orquestra sinfónica o majestático "Skies of America".

As suas perspectivas musicais eram não apenas práticas como também filosóficas. Tinha uma grande admiração pelo pensamento de Buckminster Fuller, o arquitecto-inventor-“designer” que também influenciou John Cage, e o seu encontro com Jacques Derrida fez história. Poucos como ele mudaram tanto o curso da arte dos sons. Parecia imortal – tal como Cecil Taylor, com 86 anos, nos parece eterno –, mas a natureza acabou por pôr um termo à sua carreira de seis décadas. O coração parou-lhe. O que criou está, no entanto, registado e a sua influência disseminou-se pelos quatro cantos do mundo. É como se continuasse por cá. O seu nome será repetido enquanto houver música e seres humanos.

Agenda

10 Junho

Imersão / Improvisação

Parque Central da Maia - Maia

10 Junho

O Vazio e o Octaedro

Parque Central da Maia - Maia

10 Junho

Marta Hugon & Luís Figueiredo / Joana Amendoeira “Fado & Jazz”

Fama d'Alfama - Lisboa

10 Junho

Maria do Mar, Hernâni Faustino e João Morales “Três Vontades de Viver”

Feira do Livro de Lisboa - Lisboa

10 Junho

George Esteves e Kirill Bubyakin

Cascais Jazz Club - Cascais

10 Junho

Nuno Campos 4tet

Parque Central da Maia - Maia

10 Junho

Tim Kliphuis Quartet

Salão Brazil - Coimbra

10 Junho

Big Band do Município da Nazaré e Cristina Maria “Há Fado no Jazz”

Cine-teatro da Nazaré - Nazaré

10 Junho

Jorge Helder Quarteto

Fábrica Braço de Prata - Lisboa

11 Junho

Débora King “Forget about Mars” / Mayan

Jardins da Quinta Real de Caxias - Oeiras

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