“Love Song”, 50 anos depois
“Love Song”. O tema está contido num dos discos de referência de Tony Williams, “Spring” (1965), o segundo do baterista (e compositor) na Blue Note. Surge a abrir o lado B do vinil, com pouco mais de oito minutos de duração. Com aquele que é hoje considerado um dos mais importantes ritmistas da história do jazz ouvimos o sax tenor de Sam Rivers, o piano de Herbie Hancock e o contrabaixo de Gary Peacock, estrelas do firmamento jazz. Se actualmente a peça ganhou estatuto de “standard”, na altura o tipo de assimetrias que apresentava era algo de estranho: as melhores críticas não foram entusiásticas e as piores não podiam ser mais negativas. Há coisas, realmente, que levam tempo a assimilar.
Passados 50 anos, a mesma “Love Song” será repegada, desmontada e re/desconstruída por dois músicos portugueses da área da música livremente improvisada, ocupando todo um concerto. De oito minutos poderá ir até aos 45. São eles Pedro Sousa e Gabriel Ferrandini, tocam às 19h00 de dia 30 de Julho no jardim da Galeria Pedro Alfacinha, em Lisboa, e prometem fazer algo que nunca se lhes ouviu antes: um mergulho no passado do jazz para questionar as suas próprias abordagens musicais, individualmente e como duo com um trajecto intermitente nos últimos anos. Imperdível.