Violoncelo sem gravidade
É costume ouvir-se dizer que os músicos (ou os artistas em geral) vivem com a cabeça na Lua, mas se não é bem assim (alguns músicos e artistas são autênticos homens de negócios), a verdade é que, pela primeira vez, um deles estará mais próximo dos astros. Quem? O violoncelista francês Didier Petit (foto acima de Jean Daubas), que já ouvimos por cá num muito aplaudido concerto no S. Luiz, em Lisboa, integrado no Denis Colin Trio. A propósito: nesse grupo tocava também um percussionista que dá pelo nome de Pablo Cueco. O tristemente já desaparecido crítico Fernando Magalhães, que como se sabe tinha deliciosas tiradas de humor, escreveu crónica sobre a actuação mudando o apelido Cueco para Cueca…
Pois Petit, que tem centrado a sua actividade musical na relação do instrumento com o corpo e o espaço, tanto assim que co-dirige um colectivo designado por Voyageurs de l’Espace, vai participar a 12 de Outubro próximo numa experiência única. Levará o violoncelo numa viagem do Airbus A310 Zero-G em máxima altitude, organizada pelo Observatoire de l’Espace. O propósito: criar música em situação de gravidade zero.
A iniciativa vai ao encontro do seu projecto “La Main de l’Âme”, que tem por objectivo estudar o impacto da falta de gravidade no uso das mãos. O avião, que foi concebido para estudar precisamente os estados de “impesanteur” (falta de peso), efectuará 30 piruetas nas alturas que permitirão que o músico toque, ou tente tocar, vogando no ar. O jazz de hoje e a música improvisada sempre na vanguarda. Desta vez, a da ciência…