Pharoah Sanders (1940-2022)
Morreu, no dia 24 de setembro, aos 81 anos, o saxofonista Pharoah Sanders. Segundo divulgou a editora Luaka Bop, Pharoah Sanders faleceu de madrugada, rodeado por familiares e amigos em Los Angeles. Figura central na história do jazz, ajudou a impulsionar a música de John Coltrane e foi um dos criadores do “spiritual jazz”, com álbuns inesquecíveis como “Karma” (1969) e “Thembi” (1971).
Nascido Ferrell Sanders, a 13 de outubro de 1940 em Little Rock, Arkansas (E.U.A.), começou por aprender clarinete, até se mudar para aquele que seria o seu instrumento de eleição, o saxofone tenor. No início da década de 1960 mudou-se para Nova Iorque, juntou-se à Arkestra de Sun Ra e recebeu o apelido de “Pharoah”, que lhe ficou colado para toda a vida.
Formou o seu primeiro grupo em 1963, enquanto colaborava com Don Cherry e Sun Ra. A partir de 1964, Sanders começou a trabalhar com John Coltrane, expandindo o som do seu grupo para novas dimensões e participou em discos como “Ascension” (1965) e “Meditations” (1966); colaborou com Coltrane até à sua morte, em julho de 1967. Gravou em 1964 o seu primeiro álbum na condição de líder, “Pharoah's First”. No ano de 1966 iniciou uma ligação com a editora, Impulse!, através da qual editou os seus registos mais marcantes – particularmente “Tauhid” (1967), “Karma” (1969), “Thembi” (1971) e “Black Unity” (1971).
A música de Pharoah Sanders, que nasceu no meio do tumulto do free jazz, começou por se destacar pelo som enérgico e abrasivo do seu tenor, e foi ganhando uma dimensão espiritual, tendo gerado aquilo a que designou de “spiritual jazz” – e que tem herdeiros no jazz contemporâneo, em nomes como Shabaka Hutchings e Kamasi Washington.
Num percurso sempre ligado à música, e muito diversificado, destaca-se sobretudo a sua ligação com a pianista Alice Coltrane (particularmente no disco “Journey in Satchidananda”, de 1971). Alimentou inúmeras parcerias e colaborações e participou em discos de McCoy Tyner, Randy Weston, Leon Thomas, Sonny Sharrock e Kenny Garrett, entre outros.
O saxofonista atuou em Portugal, nos festivais Jazz em Agosto, Guimarães Jazz e FMM Sines (com David Murray). O registo da atuação de Sanders na Gulbenkian com a São Paulo / Chicago Undergound de Rob Mazurek em 2013 resultou nos discos “Spiral Mercury” e “Primative Jupiter” (edições Clean Feed). No ano de 2021 voltou a surpreender, com o disco “Promises”, numa parceria com Floating Points e a London Symphony Orchestra, que resultou num dos discos mais consensuais dos tempos recentes.
Perdemos um gigante. O seu nome fica gravado para sempre como uma das figuras fundamentais da história do jazz.
Pharoah Sanders em cinco LPs:
“Karma” (1969, Impulse!)
“Thembi” (1971, Impulse!)
“Live at the East” (1972, Impulse!)
“Izipho Zam” (1973, Strata-East)
“Journey to the One” (1980, Theresa)