Laços de família
Natural de Curitiba (Paraná, no sul do Brasil), a pianista e compositora Michele Ribeiro descobriu a música com a família e na igreja. Mudou-se para Lisboa e aprofundou a sua ligação ao jazz, tendo estudado na Escola Superior de Música de Lisboa. Em 2019 editou “Luz de Outono”, o seu álbum de estreia, que conta com a participação de Salvador Sobral e Luanda Cozetti. A pianista tem participado em diversos projetos e começou recentemente a fazer direção musical do grupo de Sami Tarik. Estivemos à conversa com a pianista e compositora que nos falou sobre o seu percurso.
Como nasceu a tua ligação à música?
Eu venho de uma família de músicos. A minha bisavó era índia, chamava-se Velha Pequena, e era casada com um português chamado Fernando Ribeiro. Os dois eram músicos, ela tocava (não sabemos bem qual instrumento, mas seria cavaquinho ou ukelele) e o meu bisavô tocava rabeca. O meu avô era acordeonista e o meu pai também, mas nunca estudaram, o meu pai tem muita sensibilidade e um ouvido impressionante. O primeiro contacto com a música foi através do meu pai, que tocava acordeão e teclados numa banda na igreja, o meu tio era trompetista e participava do conjunto, tinha eu três anos quando comecei a assistir aos ensaios, ficava fascinada… A gente não tinha dinheiro, imagina comprar um disco!, mas não sei como nem porquê apareceram alguns discos e “fitas cassete” lá em casa: Henry Mancini, Glenn Miller, Nat King Cole, Donna Summer, John Coltrane, etc… O meu pai conta que quando eu tinha quatro anos, íamos no carro, depois do ensaio e eu disse à caminho de casa «pai, o tio está tocando errado aquele final e o pai não está fazendo um “som” (acorde) que deveria…» Indignado com aquilo, ele disse: «vou fazer um teste, você vai cantar no domingo na igreja». E assim foi, ele fez uma intro, eu entrei certinho, depois ele fez duas modulações, para ver se eu afinava, e eu cantei afinadinho. No final ele disse todo orgulhoso: «a minha filha tem um dom».
Foi nesse momento em que se aperceberam do seu talento?
Penso que sim, pois a partir daí comecei a cantar na igreja. O meu primeiro contato com as teclas foi quando meu pai comprou um tecladinho Casio de quatro oitavas. Pensa numa criança feliz! Ele me ensinou a tocar de ouvido, eu pegava tudo muito rápido. Aí o meu irmão começou a se interessar também, começou no teclado e anos depois ganhou um saxofone para tocar na igreja, estudou sozinho, a partir daí começámos a gostar de jazz, assistíamos todos os dias o quinteto do Jô Soares, a única referência que tinhamos do jazz na TV brasileira, assistíamos principalmente por causa do Derico, um grande saxofonista do quinteto que tive a sorte de conhecer pessoalmente, em 2019 ele lançou seu disco instrumental na Europa e o último concerto foi em Lisboa. A outra referência que tínhamos do jazz foi através das cassetes que chegavam lá em casa, as famosas big bands. O leitor de cassetes era de má qualidade, tinha uma redução de rotação, meu irmão começou a tirar os solos do Coltrane neste aparelho. Depois tivemos um aparelho melhor e quando colocámos a cassete no novo percebemos que as músicas estavam mais rápidas por causa da rotação, foi muito engraçado ouvirmos as músicas em outra tonalidade e com outro andamento. O meu contacto com o jazz foi antes da música brasileira. Quando esta sonoridade entrou na minha vida pensava comigo, «Nossa, o jazz é tão chique!» [risos]
Como foi o processo formal de aprendizagem?
Com onze anos entrei numa escola, um curso prático de órgão eletrónico, dois teclados e uma pedaleira, as partituras eram escritas em três claves mão direita clave de sol, mão esquerda clave de fá e outra clave de fá para as linhas de baixo. Era um método de seis livros, 80 músicas no total, temas bem difíceis, quem chegava até o fim do curso levava em média de 3 a 5 anos para concluir, eu concluí o curso num ano e meio, era o meu hiperfoco, estudava horas e horas. O repertório era bem diversificado, muita bossa nova, chorinho, música americana, música clássica e até alguns standards do “Real Book”. Sendo criança, aquilo criou uma grande musculatura… O meu professor Henrique Bérgamo (excelente músico) me incentivou a participar do festival que a escola promovia, participei depois de ter concluído o curso com 13 anos. O tema que ele transcreveu especialmente para eu concorrer chamava-se “Go for It”do álbum “Warning” (1985) do Billy Cobham, levei o troféu para a casa, toda contente.
Como foi a aprendizagem do piano?
Estudei piano clássico na EMBAP (Escola de Música e Belas Artes do Paraná) dos 20 aos 24, com Carmem Celia Fregonese, depois estudei na EMSL [Escola Superior de Música de Lisboa], já aqui em Portugal. Eu adorava as aulas do João Moreira, a gente ria muito nas aulas dele, o irmão, o Pedro Moreira, era mais sério, eu tinha medo [risos] pois as minhas notas não eram grande coisa. Tenho déficit de atenção, o meu funcionamento cerebral não está preparado para o estudo formal e académico.
Acredito que a minha maior escola foi começar a tocar muito nova com doze anos e a transcrever solos com o meu irmão, tocávamos juntos na big band da igreja, em eventos, casamentos, bandas de baile com repertório gigantesco...
E começaste muito cedo a fazer arranjos…
Sim, foi outra grande aprendizagem, eu e meu irmão (eu com 15 anos, ele com 14) começámos a compor arranjos para a big band da igreja, o maestro da orquestra Josué de Souza nos deu umas dicas, pouca informação, apenas instruções para montar uma grade, e como deveríamos escrever os instrumentos transpositores. Ele nos deu dicas como não ultrapassar as notas máximas que os trompetistas alcançavam no contexto musical da igreja. Eu sou da época que escrevíamos à mão, imagina o trabalho! Levávamos para os ensaios e eles tocavam nos cultos, era uma felicidade! Anos mais tarde até aproveitei esse conhecimento para trabalhar em estúdio fazendo arranjos.
Como foi a tua ligação com a música brasileira, com a MPB?
A música popular brasileira entrou na minha vida através de uma cantora brasileira com quem trabalhei uma temporada, no repertório tínhamos Ivan Lins, Djavan, Rita Lee, Milton Nascimento, Elis Regina, Marisa Monte, etc. Só comecei a ouvir música brasileira boa (aquela que a maioria da população brasileira não ouve (…) na qual me arrisco a denominar como “brazilian jazz”, quando começou a era do YouTube, por volta de 2000. Ganhei um CD de um aluno, “Double Rainbow: The Music of António Carlos Jobim” do Joe Henderson, que ouço até hoje, quatro faixas foram gravadas pela Eliane Elias e as outras pelo Herbie Hancock. Comecei a conhecer muita música brasileira aqui em Portugal, através de vocês, portugueses. Não conhecia o Guinga, por exemplo, descobri através dos professores da ESML. Sinceramente, me identifico principalmente com as canções do Tom Jobim! Se fosse para escolher um único compositor brasileiro, seria ele. Aquele homem era algo de outra dimensão, na minha opinião ele estava verdadeiramente conectado com o divino, por essa razão era tão grande! A minha dupla preferida sempre foi o Tom e Vinicius! Tom Jobim pela sofisticação harmónica e a influência do erudito, Vinicius pela sua sensibilidade para a poesia, foi um homem que viveu só de paixões, sou tão fã da dupla que até tenho uma lá em minha casa: o Vinicius, meu filho, e o Tom Jobim, o cachorrinho. [risos]
E a música de Chico Buarque e Caetano Veloso…?
Conheço mais as que eram tocadas nas novelas, comecei a ouvir mais aqui em Portugal, acredita? Vocês gostam muito desses compositores, não é? Lá no Brasil não tive muita curiosidade. Até cheguei a gravar em 2009 com a Luanda Cozzetti o tema “Oceano” do Djavan, piano e voz, ficou tão bonito, mas eu com a minha mania de perfeição nunca divulguei, quem sabe um dia...
E como foi a vinda para Portugal e a adaptação?
A minha vinda para Portugal tem uma história engraçada. Meses antes de vir tinha criado uma empresa de eventos, lá no Brasil. Um projeto que lancei foi a Nicolau Jazz Band, um grupo de quatro Papais Noel, quatro músicos, tocando jazz nos shoppings, vestidos de Pai Natal, com enchimento (para ficarem bem gordos), usando óculos de sol, muito malucos! Até eu fui tocar algumas vezes, (tocava percussão). Numa das vezes estávamos a tocar num shopping e encontrámos o Hermeto Pascoal, jantando com sua namorada curitibana, pois ele viveu em Curitiba alguns anos, aí fomos até à mesa dele, tocámos, sambámos, improvisámos e ele falou «eh, Papai Noel com swing, muito bom!». Nessa época consegui um contrato com a Sonae, para os shoppings de Curitiba, ganhei uma grana legal. E foi com o dinheiro desse contrato que ganhei coragem para vir, foi o maior cachet que recebi na vida, tocando vestida de Pai Natal! [risos] Eu não vim para ficar, vim por curiosidade. A ideia era ficar 1 ou 2 meses, pois meus pais moravam aqui, comecei a frequentar as jams, a tocar e a cantar bossa nova. Entretanto conheci o Victor Zamora, pai do meu filho, com quem fui casada durante 13 anos, o Victor me arranjou muitos trabalhos, principalmente como pianista nos hotéis. Foi aí que desenvolvi alguma técnica pianística, porque tocava todos os dias, no mínimo 3 horas por dia. Foi uma espécie de “estudo pago”.
Qual foi o papel do Victor Zamora [também pianista, líder do projeto Alma Nuestra] na ligação ao mundo do jazz em Portugal?
O Victor foi um dos melhores pianistas que conheci pessoalmente, habilidoso, intenso, consegue transferir toda sua emoção para a música, toca com maestria, com uma técnica brilhante, aprendi muitas coisas só de o ver tocar. Uma das características mais predominantes que observo nele é o som que ele tira no piano, parece que tem veludo na ponta dos dedos. Então, ele me colocou no meio, me apresentou aos grandes músicos e às pessoas ligadas ao jazz, me apresentou ao Paulo de Carvalho, à Jacinta, à Maria Anadon, à Maria Viana, etc. Em 2011, o Paulo me deu uma poesia do José Mário Branco para eu pôr uma melodia, compus o tema, “Lisboa Alheia”, ele pretendia gravar um disco em duetos, gravou a minha música com a Mafalda Sacchetti, sua filha. E também fiz o arranjo, teve a participação do violoncelista Davide Zacaria. Com o passar dos anos estava já no meio, trabalhando todos os dias, e acabei tocando com vários artistas do jazz português.
Vocês não chegaram a ter algum projeto musical, não chegaram a tocar juntos?
Eu e o Victor tocamos juntos uma única vez num concerto de dois pianos, mas rolou muita briga [risos]. Toquei muito no grupo dele Havana Way, um grupo de grandes músicos cubanos, gosto imenso da música tradicional cubana, aprendi muitas coisas com Victor, sem dúvida ele foi e continua sendo uma grande influência na minha trajetória musical.
Em 2019 editaste o disco “Luz de Outono”. Porque decidiste editar este álbum?
O verdadeiro motivo foi porque o meu filho Vinicius um dia me disse: «mamãe, você nem tem Wikipedia!»... «Você toca bem, devia gravar alguma coisa!» Aí lembrei do meu avô Lídio, que nunca conheci, faleceu com apenas 59 anos, dez anos antes de eu nascer, não temos nenhum registro dele, nem uma fotografia sequer, o meu pai nos conta que o desejo dele era ter um neto com “dom” e que continuasse a propagar essa corrente musical nas gerações futuras, então pensei, quando morrer não vou deixar nada? Chega de preguiça! Decidi gravar o disco para deixar um registo das minhas obras, para que daqui a muitos anos algum neto possa ter acesso e dizer «essa aí é a minha avô!». Vinicius continua a me dizer que não tenho Wikipédia e tenho poucos seguidores no meu canal YouTube e Instagram! [risos] Infelizmente, hoje em dia vivemos numa sociedade que avalia nossas competências e habilidades através da quantidade de seguidores do Instagram, triste realidade...
Como foi o processo de composição dos temas?
Depois que fui mãe, abandonei um pouco a minha carreira. Mas nunca desisti de compor. Fiz várias músicas, tenho muitas músicas pela metade engavetadas, que pretendo gravar em um futuro próximo. A primeira música, “Ninguém merece”, tem uma história engraçada. Quando fui à Segurança Social pela primeira vez cá em Portugal, peguei uma senha, tive de ficar lá horas à espera… na época, em 2006, eu andava sempre com um caderno pautado na bolsa e para aproveitar o tempo, resolvi escrever um tema. Depois em 2014, quando já estava na ESML, concluí a música. Comecei na Segurança Social, escrevi 60% lá, e concluí na escola para um trabalho.
Na fila da autoestrada A5, a caminho do Hotel Ritz, ao contemplar o nascer do sol fiz outro tema, “Rising Blue”. Tive umas ideias e quando cheguei ao hotel gravei no telefone. Quando estava grávida comecei a escrever o “Chorinho para Vinicius”, para o meu filho, deixei pela metade, terminei anos depois. Eu e meu irmão fizemos uma música para o nosso pai, “Mr. Z. Z.”, no disco também tem uma homenagem ao nosso avô, “Vô Lidio”, composição do meu irmão Fábio Deiverson.
Sendo maioritariamente instrumental, ancorado no piano, o disco inclui duas músicas com voz, uma delas é interpretada pelo Salvador Sobral…
O tema “Luz de Outono”, que dá título ao disco, foi a única música que compus com letra, é fácil compor quando estamos apaixonados, as paixões desequilibram o nosso estado emocional, mas potencializam a nossa criatividade, na época estava ouvindo muitas músicas de “fossa”, baladas de amor sofrido, como dizia Baden Powell: «o que seria do amor se não tivesse essa dor? Melhor era tudo se acabar». Então foi nesse estado de paixão que nasceu “Luz de Outono”. A primeira versão foi gravada em 2009 pela Maria Anadon, que entrou na playlist da extinta Rádio Europa, teve uma boa repercussão na época, a seguir a Joana Rios gravou com Filipe Raposo, piano e voz, ficou lindo. Decidi incluir no álbum e convidei o Salvador Sobral, que aceitou com muito carinho.
O outro tema cantado é “Um Ser Matriz”, cantado pela Luanda Cozetti. Como nasceu esta música?
Lá está, fui aceder às minhas ideias de composição gravadas no meu celular. Essa música tem poesia da Tatiana Cobbett, uma talentosíssima artista brasileira que vive em Portugal, também fez a direção artística do projeto, eu lhe disse que ia gravar um disco, concluí uma melodia que estava pela metade e ela pôs a letra depois, foi super rápido. A Luanda Cozzetti foi das primeiras cantoras que conheci aqui em Lisboa, nas jam sessions do antigo OndaJazz. Acho a Luanda uma grande intérprete. Ela canta com alma… me lembra muito a Elis. Quando gravamos o “Oceano” do Djavan, como já referi acima, a interpretação da Luanda é de chorar. Lembro-me depois da gravação a gente se abraçar. Passados alguns anos ela me perguntou se tinha ainda aquela gravação, e ela disse que foi a melhor “Oceano” que já ouviu. Gravamos sem ensaiar, foi “vamos tocar a Oceano?”, “rec”, gravando, não tinha arranjo, nem intro, eu não sabia se ia improvisar ou não, inventei tudo na hora, e assim foi... um take!
Quem foram os músicos que participaram no disco?
Na bateria o Rogério Pitomba nas faixas instrumentais e Joel Silva nas duas faixas cantadas, no contrabaixo acústico e baixo elétrico, o Rómulo Duarte, no saxofone, o meu irmão Fábio Deiverson, no trompete o Rogério Leitum, na flauta o Diogo Duque e nas percussões o Sami Tarik….
Ultimamente vocês têm tocado juntos…
Conheci o Sami em 2018, ano em que chegou à Portugal, só vim a conhecer melhor o seu trabalho quando começamos a tocar juntos há um ano. O Sami tem dois discos gravados de temas originais, além de percussionista ele compõe, canta, toca guitarra, e constrói seus próprios instrumentos de percussão, sua criatividade faz com que ele reaproveite materiais como cilindros de máquina de lavar, escadas metálicas, chaves e outros recursos sonoros, utilizando-os nas suas composições/gravações e concertos ao vivo. Em setembro do ano passado, ele me convidou para ser diretora musical e pianista do seu grupo. É muito bom trabalhar com ele, tem uma energia leve, boa onda. Temos duas músicas no forno que compomos juntos, pretendemos lançar em breve.
Tens tocado com outros músicos, tocaste recentemente no AveNew Lisboa com o Nelson Cascais e o Alexandre Frazão…
Já os conheço há muito tempo, desde a época do Onda Jazz, com o Nelson toquei com meu projeto em 2010 em trio (eu, ele e Joel Silva) em 2011 tocámos juntos com a Jacinta, em concertos de divulgação do seu lindíssimo álbum “Recicle Swing”, ele também foi meu professor na ESML no último ano. Com o Alex já toquei em alguns eventos mas foi nesses concertos no AveNew que tive “aulas” com estes monstros, me lembro que uma das vezes estava muito abalada emocionalmente, estava numa profunda depressão, me obriguei a ir tocar com eles e foi uma espécie de terapia. O Nelson sempre foi sincero comigo e me deu uma injeção de ânimo, eles são maravilhosos, são músicos sensíveis e me jogam para cima.
O mundo da música e do jazz continua sendo maioritariamente constituído por homens. Sendo mulher e tendo nascido no Brasil, sentiste preconceito em Portugal?
Adoro os portugueses, sempre os achei muito cultos e muito educados e sempre me trataram muito bem. Nunca senti preconceito por ser brasileira, mas senti um pouco no mundo dos “homens do jazz”. Senti um “gelo” porque as pessoas pensam que eu apenas toco música brasileira, bossa nova, samba. E é exatamente o contrário, eu comecei ouvindo jazz e só descobri a música brasileira bem depois! Em algumas jams, e em conversa com amigos músicos as fofocas rolavam do tipo: «os brazucas não sabem tocar jazz». Sinceramente, eu me sinto muito mais valorizada em Portugal do que no Brasil. Notou-se no lançamento do disco em 2019 na Fábrica Braço de Prata, sala lotada, fizeram silêncio, aplaudiam os solos, apreciaram com atenção. No final compraram discos, falaram comigo e até me pediram autógrafos. Em janeiro de 2020 lancei no Brasil, em Curitiba, quase pandemia. O choque foi grande, a reação do público não foi assim tão atenta…
A música popular brasileira é muito popular em Portugal, mas no jazz não há muita ligação entre os dois países. Como se explica isto?
Antes de chegar em Portugal, não tive conhecimento de escolas de jazz no Brasil. Talvez não tenha a dimensão académica que há em Portugal, como o Hot Clube, a ESML, etc. Acho que no Brasil o jazz não é tão valorizado como aqui.
Para terminar, que planos e projetos gostavas de concretizar?
Gostava muito de ter a oportunidade de tocar nos festivais de jazz em Portugal com o meu projeto. Amo este país, amo tudo aqui, as pessoas, a comida, o clima, acho que Lisboa deveria se chamar “LisÓtima” [risos]. Vivo aqui há 17 anos, tenho nacionalidade portuguesa, estudei na ESML com professores maravilhosos como João Paulo Esteves da Silva, Filipe Melo, João Moreira, Pedro Moreira, Bernardo Moreira, etc. Pretendo ficar por aqui e agora o plano é lançar estas duas novas composições, em forma de videclipe ou um novo disco ainda este ano.