Atomic: “There’s a Hole in the Mountain” (Jazzland)
Jazzland
Com edição física na Jazzland e antecipação virtual no Bandcamp, sai mais um disco dos “Atomic”, a banda nórdica que tem conseguido uma mistura atraente entre composições complexas e sofisticadas e crueza nos sons e nos improvisos.
O som dos Atomic é puro, forte, rude, mas a escrita é emaranhada, retendo assim mesmo uma boa dose lírica e melódica. Os solos caem como enxurradas - intensos e rápidos - mas sobre aquele aparente caos estão estruturas requintadas que ora swingam com simplicidade ora são angulosas. O resultado é uma música feita de várias camadas da qual sobressai o sentimentalismo do trompete de Magnus Broo e do piano de Wiik, contrastando com a força da bateria de Nilssen-Love e do Contrabaixo de Håker Flaten.
Ao contrário do que se poderia esperar de um quinteto de jazz, o saxofone de Ljungkvist e o trompete não são os centros orbitais da música tocada. Tudo se desloca, por todos os instrumentos. No final temos um som forte, extremamente vivo e entusiástico; forte e ao mesmo tempo delicado.
Esta é uma música que não serve de assento confortável para beber um refresco na esplanada (e que, garantidamente, nunca irá ao EDP Cool Jazz), mas também não agride e não é pica-miolos. Disponível para recompensar os ouvidos, a música dos Atomic continua a conseguir notáveis equilíbrios entre a pauta e a espontaneidade, soando distinta e reconhecível. Não se pode querer mais.
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There’s a Hole in the Mountain (Jazzland)
Atomic
Fredrik Ljungkvist (saxofones tenor, barítono e soprano, clarinete); Magnus Broo (trompete); Håvard Wiik (piano); Ingebrigt Håker Flaten (contrabaixo), Paal Nilssen-Love (bateria)