Mano Quarteto: “Número Um” (Ponto Zurca)
Uma boa surpresa, este Mano Quarteto. Guitarra, piano, contrabaixo e bateria, respectivamente nas mãos de André Santos, Nuno Tavares, Óscar Torres e Carlos Mil-Homens. O disco, primeiro do grupo (e daí o título) é apresentado como um cruzamento de jazz, música “clássica” (o que explicará a chancela Antena 2, indicada pelo autocolante colocado na contracapa) e flamenco, mas a receita não é assim tão simples: os elementos eruditos estão diluídos na concepção jazz e os do flamenco ainda mais, de tal modo que o que se identifica é o constante sabor hispânico. Além de que há ao longo dos temas um claro contributo do rock progressivo.
Improvisação há pouca, mas as composições são inteligentes, sedutoras e grávidas de elementos intrigantes, chegando a um patamar de qualidade muito acima do nível médio apresentado pelo jazz que por cá se faz. É uma estreia auspiciosa, convidando-nos a ter este projecto debaixo de olho, ou melhor dizendo, de ouvido. E não, o André Santos que aqui surge com a versão acústica da guitarra não é o mesmo guitarrista eléctrico que tanto tem chamado a atenção sobre si nestes últimos anos. Há um segundo André Santos e esse é mais um indício de que a música anda bem servida no nosso pequeno país.