Spinifex Maximus

Spinifex Maximus: “Spinifex Maximus” (TryTone)

Trytone

Rui Eduardo Paes

Logo após a publicação de “Veiled”, o quinteto Spinifex decidiu assinalar o décimo aniversário da sua existência com um disco especial e uma digressão para o materializar em palco – transformou-se de Spinifex em Spinifex Maximus, juntando ao núcleo permanente constituído por Tobias Klein, Jasper Stadhouders, Gonçalo Almeida e Philipp Moser (Gijs Levelt, o trompetista, faltou)  os préstimos de músicos também eles de várias proveniências geográficas: Piotr Damasiewicz, Bart Maris, Edoardo Marraffa, Josh Simon, Jeb Bishop, Matthias Muche, Pascal Rousseau e Onno Govaert. O receituário do grupo é o mesmo, mas com esta “big band” de 12 elementos (oito instrumentos de sopro, duas baterias) ganha uma amplitude ainda maior e um impacto de estrondo.

Na versão Maximus ainda fica mais evidente o quanto a formação preza os factores orquestração e arranjo, ainda que as partituras sejam constantemente contrariadas pelas frequentes emergências, por entre os metódicos “tutti”, de um ou vários solistas em simultâneo, muitas vezes contradizendo mesmo o que está escrito. Logo de seguida se volta, porém, à pauta, numa disciplinada organização do caos – é o caso de “Birch”, em toda a sua desmesura. Está neste tema, da autoria do guitarrista Stadhouders, a definição da música tal como os Spinifex a entendem: um free jazz profundamente alicerçado nas tradições do bebop e do hard bop, com linhas melódicas de inspiração folclórica que nos remetem, não desta vez para a Índia, mas para os Balcãs.

Ao longo deste CD homónimo e festivo não há só explosões de energia. O detalhe e a minúcia têm lugar reservado e passagens há que nos situam no mais seminal dos modelos orquestrais, o de Duke Ellington. Mesmo que a guitarra e o baixo eléctrico do português Gonçalo Almeida venham afirmar que o rock, nas suas variantes metal e punk, também são referências. Ou seja, todo e qualquer apreciador do bom jazz dos nossos dias encontra aqui factores de empatia. O que dá unidade ao conjunto é o “swing” permanente, e no caso de “Keep the Viper Alive”, peça assinada por Almeida, podemos até dançar.

A fórmula Spinifex tornou-se num caso muito sério do jazz europeu. O que tem feito está entre o melhor que se pode encontrar hoje nesta área musical, e é bom saber que contando com a contribuição de um músico nascido em Portugal. Razão mais do que suficiente para justificar o épico “Knoest”, que tem por base um oportuno hino comemorativo não desmerecedor desse outro que ouvimos em “Afrodisiaca” de John Tchicai com a Cadentia Nova Danica: “This is Heaven”. Pois: este disco põe-nos no céu.

  • Spinifex Maximus

    Spinifex Maximus (Trytone)

    Spinifex Maximus

    Piotr Damasiewicz, Bart Maris (trompetes); Jeb Bishop, Matthias Muche (trombones); Pascal Rousseau (tuba); Tobias Klein (saxofone alto, clarinete); Edoardo Marraffa (saxofone tenor); Josh Sinton (saxofone barítono); Jasper Stadhouders (guitarra eléctrica); Gonçalo Almeida (baixo eléctrico); Onno Govaert, Philipp Moser (baterias)

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24 Março

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