Wayne Horvitz European Orchestra: “Live at the Bimhuis” (Novara Jazz Series)

Rui Eduardo Paes

O concerto aqui gravado aconteceu há quase quatro anos e meio no Bimhuis (um lendário espaço de Amesterdão), após uma participação no Novara Jazz Festival da European Orchestra de Wayne Horvitz, teclista e compositor que conhecemos bem dos Naked City. Na edição de 2014 daquele evento fez-se um tributo a Lawrence “Butch” Morris e Horvitz foi convidado devido à sua adaptação dos conceitos butcherianos de “conduction”, aplicados sobretudo no trabalho que vem desenvolvendo com o Royal Room Collective Music Ensemble. Em vez de levar a Itália esta formação sediada em Seattle, nos Estados Unidos, que varia entre os 12 e os 15 elementos, a organização lançou um desafio ao músico: constituir um grupo que incluísse apenas intervenientes europeus ou com residência no Velho Continente. Cinco deles (Luca Calabrese, Massimiliano Milesi, Edoardo Marraffa, Danilo Gallo e Zeno de Rossi) são italianos, três partiram da Holanda (Eric Boeren, Wolter Wierbos e o norte-americano John Dikeman), dois da Alemanha (Silke Eberhard e Gerhard Gschlossl) e outros dois do Reino Unido (Alex Ward e Alexander Hawkins). Todos figuras de primeiro plano no jazz criativo e na improvisação dos nossos dias, neste lado do Atlântico.

Os resultados são fulgurantes e logo desde o tema de abertura, “Prepaid Funeral”, ficam a claro todas as diferenças existentes entre Horvitz e Morris – o antigo “sideman” de John Zorn utiliza as sinaléticas gestuais de condução orquestral também sobre a interpretação das partituras, enquanto “Butch” Morris era ele mesmo, a 100%, um improvisador quando dirigia as improvisações dos músicos que reunia à sua volta. Em termos formais, a European Orchestra começa por funcionar como uma convencional “big band” de jazz, o que nunca acontecia com os ensembles do antigo cornetista, mas sob essa “casca” reencontramos a permanente mutabilidade que distinguiu os empreendimentos do sistema de “conduction”. Essa contínua metamorfose vai desde a execução de diferentes partes das composições por parte de secções espontaneamente formadas dentro da orquestra até desenvolvimentos colectivamente improvisados, muito mais soltos do que é vulgar no bigbandismo. São esses contrastes entre o figurativo e o abstracto, surgindo imprevisivelmente, que fazem as delícias da abordagem de Wayne Horvitz e deste disco em boa hora editado. Altamente recomendável para quem aprecia os agrupamentos de grande número de participantes, até pelo facto de suscitar interessantes questões relativamente ao factor organização.

Agenda

02 Abril

Zé Eduardo Trio

Cantaloupe Café - Olhão

02 Abril

André Matos

Penha sco - Lisboa

06 Abril

Marcelo dos Reis "Flora"

Teatro Municipal de Vila Real / Café Concerto Maus Hábitos - Vila Real

07 Abril

Jam Session hosted by Clara Lacerda

Espaço Porta-Jazz - Porto

08 Abril

Greg Burk Trio

Espaço Porta-Jazz - Porto

08 Abril

Carlos “Zíngaro”, Ulrich Mitzlaff, João Pedro Viegas e Alvaro Rosso

ADAO - Barreiro

12 Abril

Pedro Melo Alves e Violeta Garcia

ZDB - Lisboa

13 Abril

Tabula Sonorum

SMUP - Parede

14 Abril

Apresentação do workshop de Canto Jazz

Teatro Narciso Ferreira - Riba de Ave

14 Abril

Olie Brice e Luís Vicente

Penha sco - Lisboa

Ver mais