Samuel Martins Coelho: “Partita para Violino Solo” (Ed. de Autor)
Um álbum a solo não era o que esperávamos deste músico sediado em Guimarães que habitualmente encontramos em projectos colectivos de vária índole, dos grupos dedicados a uma improvisação de carácter pós-modernista e mutante como Space Ensemble e MODS Collective a um trabalho de composição que tem tido o Teatro Experimental do Porto, a Máquina Agradável e o Teatro Bruto como destinatários, com passagens como o trio El Rupe, algures situado entre o pós-rock e o jazz de fusão, e o projecto Estranhofone, este caracterizado pela utilização de instrumentos inventados. Para tal inflexão, Samuel Martins Coelho escolheu o instrumento da sua formação clássica, o violino, tocando-o com e sem recurso a dispositivos electrónicos.
Decisão corajosa, dado que este “Partita para Violino Solo” vem associar-se (e dar-se a comparar) a uma área de investimento em que, igualmente sem outro acompanhamento instrumental, sobressaíram com brilhantes resultados os violinistas Carlos “Zíngaro” e Maria da Rocha e o violetista José Valente. Sem igualar discos como “Solo”, “Cage of Sand”, “Live at Mosteiro de Santa Clara-a-Velha”, “Beetroot & Other Stories”, “Os Pássaros Estão Estragados” e “Serpente Infinita”, o presente registo contém, no entanto, suficientes argumentos para acrescentarmos o nome do seu autor à lista daqueles que, em Portugal, introduziram o violino e a viola na música improvisada, para além dos indicados também Ernesto Rodrigues, Maria do Mar, Gil Dionísio, David Alves e Tiago Morais Morgado. De todos, e contrastando com o que lhe ouvimos em outros contextos, Coelho revela-se, por enquanto, como o menos aventuroso de todos estes nomes, nunca conseguindo descolar-se do modelo violinístico conservatorial.