Red List Ensemble: “Scope” (Creative Sources)

Rui Eduardo Paes

Músico português que hoje é parte activa da cena berlinense da improvisação, o violoncelista Guilherme Rodrigues é o mentor (que não o líder, pois trata-se de um colectivo não hierárquico) deste Red List Ensemble em estreia discográfica. Nele encontramos também uma improvisadora (além de compositora e intérprete de música contemporânea) de origem lusitana que escolheu Berlim como cidade de habitação, a percussionista Sofia Borges, ao lado de figuras de diversas nacionalidades que na Alemanha têm a base do seu trabalho, designadamente Marko Hefele (violino), Rieko Okuda (piano), Michael Thieke (clarinete), Matthias Muller (trombone), Mia Dyberg (saxofone alto), Klaus Kurvers (contrabaixo) e Richard Scott (electrónica).

Na linha das preferências da música erudita desde o século passado e da música improvisada que se emancipou da herança do free jazz, as opções daquilo que ouvimos em “Scope” vão para o timbre (e daí os cromatismos que atravessam todo o disco) e para a textura (a criação de massas sonoras de densidade vária). Se são essas também as características da tendência reducionista da improvisação, com a qual alguns destes músicos estão identificados, a abordagem é outra e define-se pela relacionação do “near silence” com o ruído, numa obliquidade performativa que volta a cruzar em John Cage as noções de que tanto o silêncio como o som supostamente não musical podem ser matéria da música. O interessante é que, dentro deste quadro em que quietude e intensidade se vão mesclando e em que o muito pequeno, enquanto condição, não contradiz a quantidade com que tais diminutos elementos vão surgindo (o reducionismo advogava, para além de uma diminuição de volume, também uma diminuição de sons tocados), a influência do jazz faz-se algumas vezes sentir, sobretudo nas intervenções de Muller, Thieke e Dyberg. Há, de resto, por aqui um curioso regresso a conceitos mais convencionais de harmonia e de ritmo, em alto contraste com o uso de técnicas alternativas na execução dos instrumentos. Um álbum que merece escuta atenta.

Agenda

30 Setembro

Clara Lacerda “Residencial Porta-Jazz”

Porta-Jazz - Porto

30 Setembro

Manuel Brito Trio

Centro Cutural Regional de Santarém – Fórum Mário Viegas - Santarém

30 Setembro

Cabrita Trio

Casa da Cerca - Almada

30 Setembro

Carolina Zingler

Nisa’s Lounge - Algés

30 Setembro

Cascais Jazz Trio

Cascais Jazz Club - Cascais

30 Setembro

Clara Lacerda “Residencial Porta-Jazz”

Porta-Jazz - Porto

30 Setembro

Indra Trio

Jardim do Mercado - São Luís – Odemira

30 Setembro

Long Ago and Far Away

Cineteatro Grandolense - Grândola

30 Setembro

Pat Cohen “Mother Blues”

Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha - Caldas da Rainha

30 Setembro

Carlos Azevedo Quarteto

Maison826 - Pedro Remy - Braga

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