José Lencastre / Hernâni Faustino / Vasco Furtado: “Vento” (Phonogram Unit)

Rui Eduardo Paes

O primeiro álbum do trio formado por José Lencastre (saxofones tenor e alto), Hernâni Faustino (contrabaixo) e Vasco Furtado (bateria) é também o primeiro da nova editora gerida por estes três músicos com Jorge Nuno e Rodrigo Pinheiro, a Phonogram Unit. Projecto “do it yourself” que visa editar em disco a música criada por estes cinco improvisadores nos seus próprios termos e “timings”, em absoluto controlo de todas as faces do processo de produção e distribuição, a Unit tem como únicos parâmetros constituir uma discografia em que pelo menos um dos intervenientes esteja incluído, em parâmetros que, para além da música improvisada, poderão cobrir os terrenos da experimentação e da electroacústica. Não está colocada de lado a possibilidade de outros músicos que não os próprios serem editados. A apresentação da “label” acontecerá na próxima sexta-feira, 25 de Setembro, na SMUP, com três concertos: um solo de Pinheiro ao piano, o trio deste “Vento” e um quinteto com todos os cooperantes.

E que música vem em “Vento”? Música com as suas raízes no free jazz da “loft generation”, aquele que era tocado nas águas-furtadas da Nova Iorque da década de 1970 e, sobretudo, no Studio Rivbea de Sam Rivers, no Studio 77 (mais tarde rebaptizado como Ali’s Alley) de Rashied Ali e no Studio Infinity de David Murray. Um free jazz que chegava a incorporar aspectos do R&B, do rock ou da world music, regra geral de forma subtil, como agora acontece neste registo devido ao largo espectro de referências dos músicos envolvidos. O título “Vento” corresponde bem ao realce que aqui têm os saxofones de Lencastre, conhecido sobretudo pelo seu trabalho com o alto, mas agora a dar especial atenção ao tenor. Para quem já não tinha percebido – sobretudo através do seu NAU Quartet – o quão superlativa é a arte deste manipulador de instrumentos de vento, ficam por inteiro demonstrados os motivos pelos quais o seu nome vem ganhando vulto, por cá e lá fora – não há notas a mais nem a menos, num fluxo inventivo que não falha em argumentação e a entrega é total e genuína. Faustino e Furtado são os cúmplices mais do que indicados para esta abordagem, sempre presentes, sempre entrosados e sempre essenciais para os resultados obtidos. É mais uma estalada das boas que assim surge na cena nacional da música criativa…

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