Festival MIA
Diversidade e partilha
O MIA - Festival de Música Improvisada da Atouguia da Baleia regressa este ano em toda a força, realizando-se entre os dias 9 e 12 de junho. Como é tradição, o programa inclui concertos, workshops, jam sessions e concertos de grupos sorteados, eventos distribuídos entre a Igreja São José / C.I.A.B., Conde Távora e Auditório da Sociedade Filarmónica - o programa completo pode ser encontrado aqui. Estivemos à conversa com Paulo Chagas, da organização do festival, também reconhecido saxofonista e improvisador, que antecipa o festival.
Apesar de se ter realizado no ano passado, esta vai ser a primeira edição do MIA sem restrições pandémicas. Paulo Chagas diz-nos o que poderemos esperar deste regresso pleno do festival: «Este ano estamos a programar fazer algo mais condizente com a tradição do MIA. Voltam os grupos sorteados, voltam os ensembles alargados e volta a ser um evento com várias dezenas de participantes, não apenas na área da música mas também na dança e performance. Vamos incluir também algumas inovações, como uma sessão de terapia sonora, por exemplo, e os concertos-aperitivo de pequeno formato.»
O MIA volta a ter, este ano, muitos participantes internacionais. A lista de músicos já confirmados é longa: Abdul Moimême, Agnes Distelberger, Aleksandar Caric, Álvaro Rosso, Anna Adensamer, Bernardo Álvares, Bruno Gonçalves, Carla Santana, Carlo Mascolo, Carlos Canão, Elena Waclawiczek, Elisabetta Lanfredini, Felice Furioso, Fernando Guiomar, Gerardo Rodrigues, Jerome Fouquet, João Pedro Viegas José Serrano, Julian Davis Percy, Lorena Izquierdo, Luis Guerreiro, Luiz Rocha, Manuel Guimarães, Marco Olivieri, Maria do Mar, Maria Dybbroe, Maria Radich, Mário Rua, Maurizio Matteucci, Miguel Falcão, Miguel Mira, Noel Taylor, Nuno Morão, Nuno Rebelo, Olivia Mitterhuemer, Paulo Chagas, Paulo Pimentel, Raimon Fuster, Samuel Hallkvist, Tiago Varela, Uygur Vural e Yoram Rosilio.
Chagas conta como tem sido a aceitação internacional do festival: «Eu diria que o MIA acaba por ter até maior reconhecimento no estrangeiro do que em Portugal. Neste momento, a Zpoluras (associação cultural que organiza o evento) está integrada num projecto da Creative Europe, chamado SHARE Impro, com parceiros de França, Itália e Dinamarca, e que trabalha para o engrandecimento deste género musical e para facilitar a circulação de improvisadores pela Europa.»
Sobre nomes a destacar nesta edição, o saxofonista refere: «Eu destacaria desde logo a presença de grandes nomes portugueses como Pedro Carneiro, Carlos “Zíngaro” ou Nuno Rebelo que dispensam apresentações, entre muitíssimos outros grandes improvisadores nacionais.» São vários os músicos internacionais que participam: «Quanto aos estrangeiros, gostaria de saudar alguns regressos, como por exemplo o de Samuel Halkvist, um dos melhores guitarristas suecos, e de Luiz Rocha, um extraordinário clarinetista brasileiro. Além disso também tenho enorme expectativa em alguns estreantes como Lorena Izquierdo, uma performer, cantora e poeta espanhola, ou o clarinetista holandês Ziv Taubenfeld.»
Chagas fala-nos sobre as características que tornam o MIA um evento especial: «Penso que as principais características do MIA são a diversidade e a partilha. Isto porque temos sempre artistas de proveniências variadíssimas, tanto em termos geográficos, como etários e como ainda em abordagem estética. Ora a miscigenação de toda essa grande variedade acaba por ser extremamente enriquecedora e estimulante para a criatividade dos participantes.»
O festival chega agora à sua 13.ª edição. Mais de uma década após a primeira edição, a evolução do festival tem sido notória. Refere Chagas: «O MIA tem crescido de forma exponencial desde a 1ª até à 10ª edição (onde tivemos mais de 100 participantes), tanto em quantidade como em qualidade. Depois houve a interrupção devido à pandemia, mas julgo que voltaremos a conseguir ter grandes MIAs. Lutaremos por isso e esperamos ter apoios para tal, de forma a poder acolher dignamente os participantes. De qualquer forma é importante destacar que a evolução se deve essencialmente ao grande empenho e generosidade de todos os 400 artistas que já passaram por aqui.»